31 de Janeiro de 2013

Em nome da verdade

Onde está o acentuado desenvolvimento económico?

Na sua mensagem de Natal, o Presidente da Câmara Municipal de Ponte da Barca atreveu-se a escrever que, "ao longo dos últimos anos, o Município de Ponte da Barca tem conhecido um desenvolvimento acentuado em todos os domínios da vida económica, social e cultural, mercê do esforço da autarquia e de vários parceiros, o que tem resultado em mais prosperidade e mais qualidade de vida para a generalidade dos cidadãos."

A quadra natalícia convidaria a perdoar tudo. Mas o desvario da afirmação é de tal ordem que não nos podemos calar, nem deixar em claro tamanha falta de verdade.

Onde está o tal "desenvolvimento acentuado em todos os domínios da vida económica" de que fala o Presidente da Câmara?

Onde está a zona industrial que o Partido Socialista exigiu, anos a fio? Que é feito do Parque Empresarial de S.João/Salvador, cujos terrenos o PSD comprou e para cuja execução elaborou e aprovou o projecto, candidatando-o a fundos comunitários? Onde estão os 900 mil euros que Ponte da Barca recebeu, fruto da candidatura apresentada pela gestão municipal do PSD e que a actual maioria socialista não quis, entregando-os a Viana e a Ponte de Lima?

Que é feito do projecto da Pousada da EDP no Lindoso? Há quatro anos, em período de pré-campanha, o Presidente da Câmara dizia que estava tudo resolvido. E até chegou a pedir à Assembleia Municipal um "mandato com todos os poderes", para negociar com a EDP.

Passados quatro anos, o que temos? A Pousada passou a ser da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal? Onde está o equipamento ao serviço do turismo e do desenvolvimento económico do Concelho? Quantos postos de trabalho foram criados? E, na freguesia de Britelo, onde está a concretização das intervenções prometidas ao nível do turismo?

Nestes quase oito anos de gestão socialista, o desenvolvimento económico pura e simplesmente foi ignorado. Não houve qualquer estratégia, nem linha de rumo. Não se favoreceu a criação de um único posto de trabalho, nem sequer se mostrou empenho na fixação dos já existentes. Veja-se, a título de exemplo, o mais recente e triste caso da mudança das instalações da Clínica de Hemodiálise de Agrelos para Arcos de Valdevez, só porque a Autarquia não mostrou qualquer interesse em que ela continuasse na Barca.

Aquilo que se tem visto nestes quase oito anos é apenas despesismo eleitoralista e a construção de uma teia clientelar, ao serviço de interesses instalados. E se uma ou outra empresa dá sinais de empreendorismo, isso acontece apesar da Autarquia e não graças ao apoio e à actuação da Câmara Municipal.

Ponte da Barca é, hoje, um Concelho votado ao mais completo abandono pela actual maioria socialista.

Contra factos

só mesmo a demagogia

Recusamo-nos a entrar no jogo populista e demagogo de lançar para o ar frases gastas, na tentativa de enganar as pessoas. Para isso, já temos o Presidente da Câmara.

O que fazemos é colocar questões concretas sobre aspectos específicos. Apenas recordamos promessas que foram apresentadas como assuntos resolvidos. E propomos aos Barquenses que são inteligentes e avaliam pela própria cabeça o trabalho dos responsáveis pela vida pública que reflictam sobre estas questões.

Aliás, nem de propósito. Pela mesma altura em que o Presidente da Câmara decretava que havia um "desenvolvimento acentuado", vinham a público dados de um estudo realizado a nível nacional ("Indicador Concelhio de Desenvolvimento Económico e Social").

Ora, o trabalho dos investigadores universitários põe a nu a verdadeira situação em que nos encontramos. E a verdade é bem triste e deveria fazer corar de vergonha a actual maioria socialista e o seu Presidente: Ponte da Barca está entre os 10 Concelhos do País com pior qualidade de vida.

No conjunto dos 308 municípios, Ponte da Barca aparece no fundo da tabela, a apenas nove lugares de ser o Concelho com pior qualidade do País. Trata-se de um situação humilhante não só em termos absolutos, mas também no contexto regional, uma vez que é o único Concelho do Alto Minho a figurar no grupo miserável dos 30 com pior qualidade de vida.

E o trabalho permite ainda retirar uma outra conclusão profundamente preocupante: a tendência progressiva para a degradação das condições de vida no nosso Concelho. De facto, na sua primeira edição, com dados de 2004, época em que a gestão municipal ainda era do PSD, Ponte da Barca ocupava o 216.º lugar. Em 2006, já com o PS no poder, caímos para a 271.ª posição, descendo, portanto, 55 lugares no ranking nacional. Agora, com dados de 2010, Ponte da Barca tomba ainda mais 28 lugares (299.ª posição).

Contra factos não há demagogia que resista. Entre 2004 (PSD) e 2010 (PS), a qualidade de vida no nosso Concelho caiu 83 posições, para o fundo do ranking nacional.

Bem vistas as coisas, este estudo vem confirmar, cientificamente, aquilo que todos os Barquenses sentem no seu dia a dia. Onde estão os sinais do tal "desenvolvimento acentuado" de que se atreve a falar, sem qualquer vergonha, o Presidente da Câmara?

Há quem diga que uma mentira mil vezes repetida se torna uma verdade. Mas isso foi tempo! As pessoas sabem pensar com a própria cabeça e distinguem quem lhes fala verdade.

Até o Presidente da Assembleia Municipal e Presidente da Comissão Política do PS de Ponte da Barca concorda connosco. Num momento que não pode ter sido de distracção mas de profunda lucidez, teve a coragem de dirigir um apelo cívico, na sua mensagem de Natal: "Saibamos todos, neste tempo de preparação para um ANO NOVO, rejuvenescer e acreditar que é possível ser melhor e fazer mais pela nossa Terra!"

É verdade. Até o responsável máximo pelo Partido Socialista local está de acordo connosco. O que só lhe fica bem, porque a verdade é um dos valores sagrados da democracia.

Claudino Esteves Amorim,

Deputado do Grupo Municipal do PSD